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Hackers russos enviaram dados para quadrilha desviar R$ 10 milhões de contas bancárias no Brasil, diz PF

Hackers do leste europeu forneceram contas de e-mail e números de celulares para quadrilha enviar vírus. Mandados da operação Código Reverso foram cumpridos em quatro estados.

As investigações da Polícia Federal (PF) apontaram que a quadrilha suspeita de desviar cerca de R$ 10 milhões de contas bancárias teve ajuda de hackers da Rússia e de Hong Kong, na China.

Segundo as investigações, esses contatos internacionais forneceram toda a infraestrutura necessária para diversos golpes, como e-mails e números de celulares. O grupo brasileiro foi desarticulado na manhã desta quarta-feira (21) pela operação “Código Reverso”.

Até o momento, cinco pessoas foram presas preventivamente e uma temporariamente. Além disso, 11 pessoas foram levadas para depor e 24 mandados de busca e apreensão cumpridos. Duas pessoas ainda não foram encontradas pela polícia e são consideradas foragidas.

Em uma casa no setor Santa Fé, na região sul de Palmas, dezenas de aparelhos eletrônicos foram apreendidos.

Também foi apreendida uma quantia em dinheiro não divulgada pela polícia e dez carros, entre eles um mustang avaliado em R$ 130 mil.

Conforme a decisão que autorizou a operação, a quadrilha era dividida em três níveis e atuava com três tipos de fraudes: pagamento de boletos, compras pela internet e transferência de valores.

Um dos presos é William Marciel Silva de Freitas. As investigações apontam que ele movimentou mais de R$ 7,3 milhões em cerca de dez meses. 

Freitas integrava o grupo de hackers, que eram responsáveis por elaborar e disseminar softwares maliciosos, para possibilitar a invasão dos computadores das vítimas. Para isso, o grupo entrou em contato com hackers da Rússia.

O advogado dele disse que está tomando conhecimento do processo para depois se posicionar.

“[…] Providenciaram dados pessoais (contas de email) de centenas de milhares de pessoas, assim como estruturas destinadas ao envio em massa de mensagens, para um número indeterminado de usuários (possíveis vítimas do esquema criminoso)”, diz um trecho da decisão.

Os investigadores também interceptaram contatos da quadrilha com empresas sediadas em Hong Kong, na China.

Essas empresas ofereceram serviços de envio de mensagens de texto (SMS) e Spam-SMS, prática utilizada pelos criminosos para o envio de links maliciosos.

A quadrilha possuía ainda o grupo de agenciadores e operadores. Eles eram responsáveis pela identificação de interessados no pagamento de boletos com desconto, além de pessoas que pudessem comprar e receber mercadorias adquiridas com fraudes pela internet.

O outro nível hierárquico era composto por falsificadores. Estes eram responsáveis por coletar dados de terceiros, falsificar documentos, abrir empresas fantasmas, captação dos produtos comprados pela internet e enviar esses bens para os outros envolvidos.

As investigações apontaram, por exemplo, que o grupo usou o nome e documento de um homem que morreu em 1996, vítima do desastre aéreo ocorrido na cidade de São Paulo (SP).

Infográfico (Foto: Roberta Jaworski)

A fraude

A quadrilha presa durante a operação “Código Reverso”, da Polícia Federal, mandava e-mails com vírus em nome de instituições financeiras para ter acesso a computadores de correntistas.

A informação é do chefe da delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, Luiz Felipe da Silva. Ele explicou que as vítimas acessavam os e-mails e, desta forma, permitiam que o grupo tivesse acesso aos computadores.

Segundo as investigações, ao acessar os links um vírus era baixado para os aparelhos. Quando a pessoa entrava na conta bancária, a quadrilha colocava uma tela falsa idêntica à do banco para a vítima pensar que estava acessando o sistema verdadeiro.

Enquanto isso, o grupo entrava na conta para desviar dinheiro, fazer compras e clonar cartões. Dessa forma, a fraude é feita utilizando o próprio computador e endereço de IP da vítima, que aparece como o responsável pelo crime.

A polícia está investigando se a quadrilha usou também e-mails em nome da Polícia Federal.

Entenda

Conforme a PF, a quadrilha realizava pagamentos, transferências e compras pela internet, burlando os mecanismos de segurança dos bancos, e gerando prejuízos de R$ 10 milhões só nos últimos nove meses.

Os membros da organização, segundo a polícia, têm alto padrão de vida e se utilizam de diversas empresas de fachada para movimentar e ocultar os valores desviados, investindo grande parte em moedas virtuais como a bitcoin, para fazer lavagem de dinheiro.

A Justiça determinou a indisponibilidade de bens e o bloqueio das contas bancárias dos investigados e também de moedas virtuais.

Conforme a PF, foram intimadas pessoas com participação nas fraudes, inclusive empresários que teriam procurado criminosos para obter vantagem competitiva no mercado e receber descontos de cerca de 50% para quitar impostos, pagar contas e fazer contas, através de pagamentos feitos pela quadrilha.

G1 Tocantins

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