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Candidato pagaria R$ 50 mil por gabarito da PM: ‘não deu de anotar tudo’

Homem deu entrada de R$ 5 mil e faria empréstimo de R$ 45 mil após ser aprovado. Polícia concluiu investigação e indiciou 19 pessoas por associação criminosa e fraude em concurso.

Um dos candidatos que participou da fraude no concurso da Polícia Militar contou à polícia que pagaria pelo gabarito o valor correspondente a dez vezes o salário do cargo. O homem disse que pagou inicialmente R$ 5 mil para o suposto líder da quadrilha e após a aprovação faria um empréstimo para pagar mais R$ 45 mil.

O inquérito que investiga as fraudes foi concluído nesta semana. Os delegados encontraram 35 números de telefone que teriam recebido os gabaritos das provas, em março deste ano. Ao todo, 19 pessoas vão responder por associação criminosa e fraude em concurso público.

Durante o depoimento, o candidato contou à polícia que o esquema não deu muito certo porque “eram muitas questões para anotar, então não conseguiu anotar todas”. Além disso, afirmou que o gabarito foi passado “bem no final da prova, por isso que não deu tempo de anotar todas as questões”.

Apesar disso, segundo a polícia, o gabarito encontrado no aparelho apreendido em Araguaína continha 41 questões corretas de um total de 60.

“Esta quantidade de acertos se mostra suficiente para credenciar eventual candidato a prosseguir no concurso, o que reforçou os indícios de crime”, diz o relatório da polícia.

Entenda

A Polícia Civil concluiu nesta semana o inquérito que investiga fraudes no concurso da Polícia Militar. Os delegados encontraram 35 números de telefone que teriam recebido os gabaritos das provas, em março deste ano. Dentre estes, a polícia conseguiu identificar 16 candidatos até agora.

Além dos candidatos identificados, três pessoas foram apontadas como mentoras do esquema criminoso. Ao todo, 19 pessoas vão responder por associação criminosa e fraude em concurso público.

As investigações começaram depois que um aparelho celular foi encontrado no banheiro de um dos locais de prova em Araguaína durante as avaliações. Depois disso, a polícia executou a operação Aleteia e prendeu 14 pessoas. Entre elas o homem que seria o mentor da fraude: Antônio Ferreira Lima Sobrinho, o Antônio Concurseiro.

A partir desta operação os policiais apreenderam celulares e documentos que levaram a outros envolvidos na fraude. A investigação foi concluída na última segunda-feira (8) e enviada para a 1ª Vara Criminal de Araguaína, norte do Tocantins.

O esquema

O relatório da polícia apontou que o esquema funcionava da seguinte forma: os candidatos que estavam participando da fralde seguiam as orientações de Antônio Concurseiro e outros membros da quadrilha para entrar nos locais de prova e seguiam direto para os banheiros, onde escondiam os celulares.

O líder do grupo e possivelmente outros membros faziam as provas com documentos falsos. Depois, preparava o gabarito e enviava as respostas por SMS nos momentos finais de aplicação das provas. A mensagem era recebida por outros membros do grupo e repassada para os candidatos.

O concurso

As provas do concurso foram aplicadas no dia 11 de março. Foram oferecidas 1 mil vagas para soldado e mais 40 para oficial da PM. Ao todo, mais de 70 mil pessoas fizeram as provas em 17 cidades.

O concurso também é composto por avaliação de capacidade física, avaliação psicológica, médica e odontológica e investigação social. A previsão inicial era que o resultado final de todas as etapas do concurso fosse divulgado em agosto deste ano.

O subsídio inicial durante o Curso de Formação de Oficiais é de R$ 4.499,52 e para o Curso de Formação de Soldados é de R$ 2.215,10.

Suspensão

O concurso da PM foi realizado em março deste ano, mas acabou sendo suspenso um mês depois, após a cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB).

Durante as investigações, o delegado José Anchieta de Menezes afirmou que todo o concurso pode ter sido prejudicado. Após a aplicação das provas fotos dos gabaritos e das provas circularam nas redes sociais.

Depois disso, o Ministério Público emitiu uma recomendação para que o concurso não seja retomado. Naquela ocasião, o promotor Adriano Cesar Pereira das Neves afirmou que investigações também estavam sendo feitas pela polícia em Palmas e Arraias.

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